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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Lendo as imagens do filme: Os assassinos de Robert Siodmak

Sigamos abaixo o quadro a quadro do filme Os assassinos de Robert Siodmak, baseado em conto de Hemingway.

A chegada do casal; são recebidos pelo anfitrião...
...que lhes mostra a casa e os convidados
Desde que entraram na sala, a imagem das costas de uma mulher ao piano está presente.
Finalmente, ela é apresentada aos recém-chegados.
A beleza da mulher ao piano é marcante. O movimento do quadro passa para os olhos de Lily, que vê como o "sueco" ficou encantado pela moça.
Ele já não consegue tirar os olhos de Kitty, e sua acompanhante passa a demonstrar a sua derrota.
Ele aproxima-se, para vê-la de perto. Ela que está bem iluminada.
Ela percebe o encantamento do rapaz, e logo trata de envolvê-lo, de puxar uma conversa.
A acompanhante dele se aproxima, tentando chamar sua atenção, e repelir a outra moça...
...que habilmente se levanta, modificando a disposição dos personagens em cena.
Lily tenta chamar atenção de Sueco, mas ele só tem olhos para Kitty...
...que retorna ao piano...
...trazendo o Sueco para seu lado, excluindo Lily da cena e de seu foco de atenção.
Quando ela começa a cantar...
Seu desejo fortalece.
Lily já não tem espaço em sua vida - nem em dividir o quadro com ele.
Ele está entregue ao jogo de manipulações de Kitty.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Decupagem: O Lado Bom da Vida

Na cena acima (clique na imagem para vê-la ampliada) temos o primeiro encontro do Pat (Bradley Cooper) com Tiffany (Jennifer Lawrence). Em momento algum deste primeiro encontro os olhares de ambos os personagens são desviados um do outro, demonstrando uma cumplicidade mútua. Pat analisa a garota que surge em sua frente, o decote, a mão sem aliança, o crucifixo, até que por fim temos um close-up do rosto de Tiffany. É como se depois de tê-la julgado o juiz procurasse dar a sua sentença. Ela se submete a esta análise, observando o seu "analisador" a todo momento. Eles estão alheios ao mundo ao seu redor durante este primeiro encontro que irá pautar o ritmo da relação dos dois para o resto do filme. 

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Cantando na Chuva

este texto faz parte da série "Lendo as imagens do cinema", publicado aqui no blog

Com um punhado de cenas marcantes e canções que fazem parte do imaginário de cinéfilos do mundo todo, "Cantando na Chuva" é, indiscutivelmente um clássico. Um daqueles filmes simples que cativam o espectador justamente por sua simplicidade.

A análise a ser feita aqui é a da cena mais famosa do filme, a dança na chuva.
Don Lockwood (Gene Kelly) sai da casa de sua namorada,  Kathy Selden (Debbie Reynolds), sem conseguir conter a felicidade dentro de seu peito. Desce a escadaria do prédio e logo está a cantar e dançar na rua.
A escada é o ponto crucial de determinadas cenas que marcaram o cinema nestes seus cem anos de história. A escada é aquele elemento de transição, transição do local mais alto para o mais baixo. Aqui a escada assume o papel de manter o filme dentro da realidade que tentou traçar durante toda a metragem. Não é a realidade encontrada no mundo empírico, sensível. É a distinção platônica entre mundo sensível e mundo das ideias. A câmera, com seus super-poderes, nos permite ir para o imaginário do personagem. É na forma da dança que o personagem mostra aquilo que a olho nu não se poderia notar. Como coloca Gilles Deleuze: "é a maneira pela qual o gênio individual do dançarino, a subjetividade, passa de uma motricidade pessoal a um elemento suprapessoal"*. Os sentimentos do personagem são exteriorizados na forma da dança.
Quem disse que um musical não pode ser realista?





*DELEUZE, Gilles; A imagem-tempo; tradução: Eloisa de Araujo Ribeiro; editora brasiliense, São Paulo, 2007.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Cidadão Kane

este texto faz parte da série Lendo as Imagens do Cinema publicado neste blog

O grande filme do garoto prodígio Orson Welles, o jovem que se destacava em Nova York por suas adaptações de textos clássicos para o teatro e para a rádio (como a famosa transmissão de "Guerra dos Mundos" de H. G. Wells). Foi contratado pela RKO com um contrato invejável que lhe dava carta branca. O até então megalomaníaco diretor de teatro tinha agora liberdade e orçamento para fazer o filme que quisesse. E foi assim que nasceu "Cidadão Kane", o filme perfeito.
"Cidadão Kane" começa com uma cena simples, onde os detalhes que são apresentados contam toda a história que virá a seguir.
Aos pouco avançamos as grades da propriedade do magnata da comunicação Charles Foster Kane (Welles). Uma vez dentro da propriedade vemos o castelo de diferentes posições, mas algo permanece no mesmo lugar, a janela do quarto de Kane. Mas é antes de entrarmos no quarto que Welles mostra o que realmente quer com esta abertura. Ele corta para a neve de dentro do globo que quebrará após a morte do empresário.
A análise:
Aos poucos, durante toda a película, entramos na vida de Charles Kane (daí aos poucos passarmos pelas grades que cercam a propriedade) e conhecemos a vida deste personagem marcante. Mas será o que dizem sobre Kane está certo? Afinal de contas, cada um conta a vida do indivíduo a partir de sua convivência com ele. Cada um dará sua versão de quem foi Charles Foster Kane (a visão do castelo com a janela sempre na mesma posição são os diferentes pontos de vista sobre um mesmo aspecto, uma mesma figura).
Por isso, antes de entrarmos no quarto onde Kane morrerá, Welles corta e mostra a neve dentro do globo de vidro. A partir deste momento o cineasta munido de seu super-olho irá mostrar o que mais ninguém poderá ver e desvendar o segredo de Rosebud.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Lendo as imagens do cinema

Em breve será iniciada neste blog a série "lendo as imagens do cinema".
Cada indivíduo possui uma maneira única de ler e analisar cada imagem de um filme, de acordo com sua subjetividade. A minha maneira de ler determinados clássicos será exposta aqui, a partir de uma breve análise de cenas isoladas dos filmes selecionados.
Quero deixar claro que esta é a minha maneira particular de ler um filme, que pode não estar de acordo com a maioria (assim como uma crítica feita por um crítico).
Meu intuito ao fazer isso é de unicamente apresentar aos interessados em cinema o que se pode ser feito com um filme, e que cada detalhe, por mais ínfimo que pareça, foi pensado por um cineasta (ou por uma coletividade) para ser apresentado daquela maneira de acordo com uma ideia. Claro que esta ideia pode surgir de maneira diferente na mente do espectador. Aqui é simplesmente para que os espectadores tenham uma visão mais ampla de um filme e passem a indagar não somente a trama, mas também os artifícios de filmagem.
Tive pela primeira vez este confronto com a "leitura das imagens do cinema" com um livro do Michel Marie e Laurent Jullier chamado "Lendo as Imagens do Cinema", onde eles apresentam quadro a quadro determinadas cenas de alguns filmes e fazem um esboço daquilo que seria pretendido ali.