"Rossellini foi uma espécie de guarda que me ajudou a atravessar a rua. Não creio que tenha me influenciado de maneira profunda, no sentido geral que se dá a essa palavra. A ele reconheço, em meu interior, uma paternidade como a de Adão: uma espécie de progenitor do qual todos somos descendentes. Listar com exatidão o que herdei dele não é fácil. Rossillini auxiliou na passagem de um período nebuloso, abúlico, circular, para o estágio do cinema. Foi um encontro importante, foram importantes os filmes que fiz com ele, mas como as coisas do destino, sem que de minha parte houvesse vontade ou lucidez. Eu estava disponível para qualquer empreendimento, e ele estava ali.
Se depois tive dúvidas, problemas para aceitar a direção do primeiro filme, foi àquelas lembranças que agarrei para criar coragem"
(FELLINI, F. Fazer um filme. Tradução: Monica Braga. Ed.: Civilização Brasileira. p. 82)
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