Mesmo
sendo mal visto pelos críticos, Hitchcock seguiu fazendo seu cinema. O apelo
comercial dos filmes somente fazia tê-lo certeza de que havia algo de certo no
trabalho que ele vinha fazendo. Ele conseguia assustar os espectadores com o
uso de suas imagens, sem precisar dos recursos estilísticos hoje utilizados nos
filmes de terror (litros e litros de sangue, cenas de mutilação...). Tudo do
que ele precisava era de um mocinho em perigo e nos fazer ciente disso.
O
conhecimento sempre foi o problema para a humanidade. Por isso que François
Truffaut faz a famosa pregunta para o cineasta: “você se considera um cineasta
católico?”. O primeiro crime do homem foi ter comido o fruto do conhecimento do
bem e do mau, e no cinema é justamente o que fazemos. Sentamos na cadeira e nos
é mostrado o que é o bem e o que é o mau. Torcemos para o bem, mas o mal está
sempre a espreita. Vemos o mal agir. Este é o suspense. Vemos o mal agir e
ficamos paralisados. Ele está atrás do mocinho da história e nós sabemos e não
podemos fazer nada para ajudá-lo. Este é o suspense. O suspense é criado quando
existe uma bomba debaixo da mesa pronta para explodir, mas os personagens pelos
quais torcemos não sabem.
Tudo
isso, um cineasta deve mostrar através das imagens. As imagens perturbam o
espectador. São as imagens que ficam em sua mente. Qual seria a graça de vermos
um filme em que existe uma bomba pronta para explodir debaixo de uma mesa e ela
é insinuada por um personagem que nem no recinto está? Todo o efeito da cena se
perde.
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