No
período do cinema mudo, um filme para ser considerado um bom filme deveria
conter o mínimo possível de letreiros explicativos. A história deveria ser
contada apenas por meio das imagens, pelo movimento ou posicionamento da
câmera, dos cenários, das expressões corporais e faciais dos atores. Os
letreiros explicativos demonstravam a incapacidade do cineasta de expressar
algum aspecto de sua história por meio daquilo que constituía a essência do
cinema, a incapacidade do cineasta de fazer cinema.
Alfred
Hitchcock aprendeu a fazer cinema no período do cinema mudo. Começou fazendo os
letreiros dos filmes para um estúdio inglês. Pouco tempo depois já estava
passando para assistente de direção até finalmente se tornar diretor, antes
mesmo de completar 30 anos de idade. Ainda no período do cinema mudo começou a
caracterizar o seu modo de conceber o cinema, que ficaria mundialmente famoso.
“O inquilino” é a sua primeira obra de suspense, e possui algumas das
características que transformariam Hitchcock no “mestre do suspense”.
O
principal deles é de que as imagens devem contar a história de um filme.
Qualquer outro aspecto deve servir apenas de suporte, sendo que sem elas a
história possua o mesmo impacto. A crítica da época possuía um caráter
literário. Os filmes que tinham bons diálogos, com estrutura de “teatro
filmado” eram os filmes bem vistos pela crítica. Mas como é que se conta uma
história em que os personagens passam o tempo inteiro um de frente para o
outro? Que história seria esta? Aos olhos de Hitchcock não é assim que se faz
cinema.
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