(continuação)
Talvez nem “Cidadão Kane” nem “Roma Cidade Aberta”, filme que inaugurou o neorrealismo, tenham provocado um impacto tão grande para o cinema como foi “Acossado”. O jovem Jean-Luc Godard, ex-crítico de cinema da Cahiers du Cinema, resolveu mostrar para o mundo que não era somente um jovem de palavras, que tinha criatividade o suficiente para fazer uma revolução em uma arte que parecia ter parado no tempo. Godard abandona o fazer cinematográfico dito acadêmico (pegar a formula pronta desenvolvida por Griffith, Eisenstein e Welles), e resolve mostrar para o mundo que um filme pode ser feito do jeito que o realizador quiser.
Talvez nem “Cidadão Kane” nem “Roma Cidade Aberta”, filme que inaugurou o neorrealismo, tenham provocado um impacto tão grande para o cinema como foi “Acossado”. O jovem Jean-Luc Godard, ex-crítico de cinema da Cahiers du Cinema, resolveu mostrar para o mundo que não era somente um jovem de palavras, que tinha criatividade o suficiente para fazer uma revolução em uma arte que parecia ter parado no tempo. Godard abandona o fazer cinematográfico dito acadêmico (pegar a formula pronta desenvolvida por Griffith, Eisenstein e Welles), e resolve mostrar para o mundo que um filme pode ser feito do jeito que o realizador quiser.
Godard
é sem dúvida o cineasta mais ousado da nouvelle vague. O movimento em si não
trouxe nenhuma mudança radical para a estética cinematográfica. Truffaut e
Rohmer, por exemplo, filmavam de maneira muito acadêmica, com suas influências
muito bem definidas. Godard se torna, então, um autor no melhor sentido do
termo cunhado por André Bazin. Ele pega a sua forma de pensar e a coloca em seu
cinema. Sua forma de pensar é diferente dos demais. Ele não pensa como
Griffith, como Eisenstein nem como Welles, embora os admire.
Esta
forma de pensar de Godard termina por fazer com que cada filme seu seja uma
nova surpresa. Em “Acossado”, Godard nos mostra os diálogos de seus
protagonistas, mas não os mostra por completo, mostra apenas o que importa. Caminhando
em um sentido contrário ao de Tarkovsky, o cineasta francês, neste seu filme de
estreia, abandona os formalismos para ser o autor impaciente. Mas é uma
impaciência que fez o seu filme dar certo.
Esta
ousadia somente seria alcançada depois com cineastas independentes que fazem
seus experimentos, mas que ninguém mais parece aprovar e que parecem
desaparecer junto com seu autor (muitos são muito interessantes, e talvez
feitos em épocas erradas), e com outro francês, Alain Resnais, um
experimentador do tempo no cinema.
Assim
como a montagem de Griffith e Eisenstein, a montagem de Godard de mostrar
somente o que interessa (para que ver um personagem andar por todo um corredor
quando o que interessa é vê-lo abrir a porta?), é comumente utilizada, não
somente no cinema, mas também na televisão.